quarta-feira, 6 de abril de 2011

Ana e o Iluminismo

        Não, Jorge, não sei ao certo o que foi o Iluminismo. Porque embromar?
        Sei que foi uma época confusa do meu Ensino Médio. Aulas que faltei. Livros que não li. Professores que se contentavam com a minha escassa presença e eu que me contentava em, às vezes, lembrar os nomes deles. Iluminismo era alguma coisa com século das luzes, misturado com uma gente que se revoltou com os medievais, misturado com a minha revolta com os iluministas, misturados com o meu sono nas aulas. Eu sempre pegava algo entre “Teocentrismo” e “acorda, garota”, mas nunca consegui estabelecer uma associação entres estas frases. Desculpa, professora Célia.
        Lembro de ter sido o terror mental de muita gente. Gente que estudou anos e ganhava um salário de miséria pra me ouvir dizer que aquilo ali era uma merda, isso mesmo, vou pra casa tomar uns vinte válius e esquecer a maldita genética, os testes com as ervilhas, as ideias iluministas e a recessão de 29. Eu nem estava lá em 29, é pensamento de estudantes fracassado, mas é verdade, eu não estava lá. Eu nunca estive. Aliás, eu nem gosto de batata. (A história das batatas voadoras eu lembro). Desculpa, também, Luan. Sei que você deposita grandes esperanças em mim, mas eu sou assim, meio farsa, meio futuro brilhante.
        Então, Jorge, tira essa prova do professor Fabrício da minha frente. Eu não vou lembrar de nada, nem saberei responder as questões baseadas no texto acima e bla bla bla. Eu quero saber é do futuro, do que ainda escreverão sobre mim. Sim, porque criançinhas se apavorarão ao se verem obrigadas a lembrar do meu nome e das minhas poesias nas suas provas de português. Ou não. Alguém por aqui é capaz de prever o que virá? Os iluministas revoltados não imaginavam que um dia me deixariam numa nostalgia tão sinistra. Mas, por via das dúvidas, estudem meu nome, crianças. Nunca se sabe.

2 comentários:

  1. One day at a time = Um dia de cada vez.

    Não nos pertence o futuro, fazem parte de nossas vidas aquilo que nos importa fazer. Iluminismo? Estudei, entendi e passei. Lembro? Não. Não me importa.

    Escreva, apaixone-se pelas palavras, sejam elas um pedaço de sua vida ou uma inspiração repentina em teu blog, amiga querida. Você sempre soube ser boa com as palavras, provou mais uma vez hoje - embora eu ache sim que você tem um futuro brilhante.

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  2. Eu sei teu nome de cor, tem um neon blue piscando intermitente no meu peito, sempre. Um beijo.

    PS - nas letras do captcha apareceu a palavra "estou", estranho não?

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