sexta-feira, 6 de maio de 2011

Ano-Bom

Os homens rezam à beira do cais.
E rezam as mães dos homens
Inda moças
À beira do cais.
A água morna
Varre para longe
Suas preces tristes.

Iemanjá não ouve.

Eles carregam andores azuis
Cheios de flores
Cheios de promessas.
Pedidos de amor
Destas moças de vestes brancas
E calcinhas vermelhas, Deus!
E corações negros.
Iemanjá não vê as cores brilhando
Na beira deste cais.

O que vejo nesta noite de janeiro
Não é praia nem mar:
Do meu sofá eu vejo
Um oceano de homens
Vazios
E suas mães e meninas
Vazias
Dançando a dor na beira desta praia.

Mas Iemanjá dorme.